Thalita do Valle era atiradora de elite e enfrentou outras guerras
Essa não é a primeira guerra que a brasileira enfrentou. Há três anos, a atiradora e socorrista lutou contra o Estado Islâmico no Iraque, Curdistão iraquiano e Curdistão Sírio. Ao UOL, a família contou que no país ela recebeu um treinamento para se tornar atiradora de elite e fazer parte de um grupo chamado “Peshmerga”.
“Ela recebeu treinamento e fez cursos necessários para ir para a linha de frente. Mas, ao entrar no exército, se especializou em tiros de precisão, com armas longas”, disse Théo Rodrigo Vieira, irmão da brasileira, ao UOL, que acrescentou. “Era uma heroína, e a vocação dela era salvar vidas, correndo atrás de missões humanitárias.”
Inicialmente, ela foi para a Polônia para ajudar pessoas a deixarem o país em guerra. No entanto, depois, ela resolveu seguir para Kiev, capital da Ucrânia, onde procurou a família 48 horas após o ataque. Conforme o irmão, o contato era breve, porque a brasileira disse que os telefones eram monitorados por drones russos.
A última vez que eles conversaram foi em 27 de junho, quando ela estava a caminho de Kharkiv, onde foi morta.
Nascida em São Paulo, Thalita atuava em ONGs de proteção animal e fazia parte de um grupo que lutava em defesa de cães da raça pitbull.
Rompimento de barragens
Além das guerras, a brasileira também enfrentou outro cenário de morte. Em 2015, ela esteve com uma equipe de socorristas em Mariana, onde rompeu a barragem da Samarco e morreu 19 pessoas, e, em Brumadinho, que registrou 270 óbitos. Em um perfil profissional nas redes sociais, ela se descrevia como alguém que atuava com “ajuda humanitária em áreas de conflito pelo mundo” e “áreas remotas e de escombros”.
Três brasileiros já morreram na guerra da Ucrânia. Além de Thalita e Douglas, André Hack faleceu na madrugada do dia 5 de junho em combate.