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Polícia Civil está perto de decidir se indicia ou não Lage pela gravação da conversa com o prefeito

Foto: Amira Hissa/PBH
Amira Hissa/PBH“Ninguém é corrupto sozinho”, afirmou o prefeito; ele alega que falas são descontextualizadas

Está na fase final o inquérito feito pela Polícia Civil de Minas Gerais para investigar denúncia do prefeito Alexandre Kalil (PSD) contra o ex-chefe de gabinete e ex-secretário adjunto de governo, Alberto Lage, alegando que o ex-funcionário gravou clandestinamente uma conversa entre os dois com a intenção de prejudicá-lo politicamente.

A investigação teve início no dia 29 de novembro do ano passado após uma notícia-crime apresentada por Alexandre Kalil, no mesmo mês, ao Ministério Público de Minas Gerais. Na peça, o prefeito da capital mineira afirma que a conversa que originou o áudio de 44 minutos se deu em um ambiente privado e de confiança e que foram extraídos e divulgados trechos isolados para dar a entender, por exemplo, que a defesa de Célio Bouzada, ex-presidente da Bhtrans, investigado por CPI na Câmara Municipal, estava sendo paga por empresas de ônibus.

Se referindo a esse e outros trechos da conversa que foram divulgados, Kalil afirma na notícia-crime que as falas foram retiradas de contexto para permitir narrativas que não condizem com a realidade.

Depoimento do prefeito 

No depoimento, o prefeito afirma que a relação dele com Alberto Lage era de “pai e filho”, que as perguntas feitas na conversa pareciam ter o objetivo de induzi-lo a dizer algo e que a gravação foi feita para constrangê-lo. Ainda segundo depoimento de Kalil, a conversa gravada clandestinamente foi a última que ocorreu entre os dois antes da exoneração do ex-chefe de gabinete. O prefeito afirmou à polícia que a gravação parece ter sido encomendada.

Ao prestar depoimento à Polícia Civil, Lage informou que a reunião (na qual a conversa foi gravada) foi marcada pelo prefeito, que ele não queria se reunir e que temia receber alguma proposta ilegal ou ser ameaçado e, por isso, fez a gravação.

Adalclever Lopes

O ex-chefe de gabinete também afirmou que a briga dele com o secretário de governo, Adalclever Lopes, era em torno do financiamento da campanha de 2022; que ele estava inconformado com o fato de o secretário da fazenda, João Fleury, ser responsabilizado indevidamente por benefícios concedidos a empresas de ônibus e que Kalil teria tentando converter uma agenda pessoal de Lage ao Rio de Janeiro em uma agenda oficial para que a prefeitura arcasse com os custos.

Segundo Lage, por essas diversas ocorrências, não havia mais confiança entre ele e o prefeito.

Áudios de Kalil

Na conversa, Lage informa à Kalil que tem interesse em deixar o governo a partir de março, assim que o prefeito se afastar do cargo para se candidatar ao governo de Minas. O prefeito tenta convencer Lage, que afirma que não está mais satisfeito, que o prefeito perdeu a vontade de governar, que ele (Lage) está sobrecarregado e infeliz e que a secretária municipal de Assuntos Institucionais e Comunicação Social da Prefeitura de Belo Horizonte, Adriana Branco, não faz nada e só sabe chorar.  O prefeito tenta convencê-lo a permanecer, dizendo que precisa de ajuda para continuar em seu projeto político.

PREFEITOPrimeiro, que cê não vai embora que eu não vou deixar. Segundo que eu preciso docê, porque eu tô velho. (….) Eu tô velho. Eu tô fragilizado. Eu tô esgotado. Então o que que acontece? (…) Não se engane. Não seja idiota. Não se exponha. Ocê só vai ficar na sombra. Quem mexe com publicidade tem que ficar na sombra.”

Com quase meia hora de conversa, mais adiante, o prefeito tenta convencer, em vão, Alberto Lage a não prestar depoimento à CPI da Bhtrans e afirma que o chefe de gabinete ele está sendo usado.

PREFEITONinguém é corrupto sozinho. Precisa de dois ou mais. Por isso que corrupção não dá certo. Por isso que prende todo mundo. (…) Cê é um menino. Cê me fu…. Cê num pode fazer isso comigo não, eu não posso ser exposto assim. Cê é louco? Eu não tenho mandato, eu não sou vereador, eu não falo no microfone. Cê quer me fu,,,?”

Em outro trecho Kalil completa:

PREFEITOIsso é inteligência mínima, Alberto. Cê vai fazer o quê na CPI? (CPI da Bhtrans)”

Resposta

Procurado pela reportagem, o prefeito respondeu que este assunto está aos cuidados da Polícia Civil e do Ministério Público e que não vai comentar. Alberto Lage espera que a delegada responsável não o indicie porque, segundo ele, não houve quebra de confiança, já que antes da gravação a relação já era de conflito.

Por Edilene Lopes

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