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Expectativa é que a aplicação comece em 2023; SpiN-TEC é o único imunizante totalmente produzido no Brasil.

UFMG desenvolve pesquisa de vacina contra Covid-19 que pode ser a primeira brasileira — Foto: Arquivo pessoal/UFMG/Divulgação

UFMG desenvolve pesquisa de vacina contra Covid-19 que pode ser a primeira brasileira — Foto: Arquivo pessoal/UFMG/Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam uma solução contra a Covid-19 mais eficaz e mais barata do que os imunizantes importados pelo Brasil. A SpiN-TEC, vacina produzida por cientistas da universidade, em Belo Horizonte, está pronta para os testes em humanos. O anúncio foi feito no fim do mês de agosto.

Os pesquisadores afirmam que os testes em animais estão completos e comprovaram a eficácia do imunizante. A próxima etapa é avançar para testes em humanos e, para isso, já contam com a aprovação de autoridades e conselhos de ética em pesquisa. De acordo com a pesquisadora Natalia Salazar, a última etapa é buscar atender às exigências da Anvisa, o que já está em fase de implantação.

“Acabamos de fazer testes pré-clínicos que mostraram a eficácia e a segurança da SpiN-TEC. Estamos terminando de responder às últimas exigências da Anvisa que avaliam a pureza da vacina e então poderemos realizar os testes em humanos. A primeira fase será com um número restrito de pessoas e, posteriormente, serão feitos testes com milhares de voluntários. A expectativa é que os testes com humanos ocorram já no início do ano que vem”, afirmou.

 

Outra certificação importante já garantida pelo laboratório da UFMG e a de “Boas Práticas de Laboratório” (BPL), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Essa etapa é mais uma condição para a realização de testes em humanos.

Mais eficiente e mais barata

Além de toda a segurança no processo de testagem, os cientistas garantem que o retorno com a SpiN-TEC é bem efetivo. Isso porque, de acordo com o professor Ricardo Gazzinelli, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB-UFMG), a vacina nacional é mais estável, tem menor custo e é capaz de combater variantes mais fortes da Covid-19.

“Já existem trabalhos mostrando que a resposta das vacinas atuais contra a variante ômicron é pouco efetiva, daí a importância de desenvolvermos novas soluções que ataquem esta e outras variantes. Além disso, a SpiN-TEC tem custo baixo e alta estabilidade. As vacinas que usam RNA precisam ser congeladas a baixas temperaturas, o que dificulta o seu transporte. O imunizante da UFMG pode ser mantido em temperatura ambiente, o que facilita a distribuição para lugares longínquos”, disse.

Segundo Natalia Salazar, a vacina da UFMG é feita com uma proteína recombinante aliada a um insumo que potencializa a resposta imune do corpo humano. O composto é chamado de “quimera”.

“Antes da pandemia, já trabalhávamos com essa tecnologia de vacina aplicada a outras doenças, como a leishmaniose e chagas. A urgência provocada pelo aparecimento da covid-19 nos ajudou a desenvolver essa solução o mais rapidamente possível. Usamos uma tecnologia já conhecida para desenvolver a vacina contra uma doença que então surgia”, afirmou.

 

Nacional

Segundo o professor Ricardo Gazzinelli, a SpiN-TEC poderá ser a primeira vacina humana totalmente desenvolvida no Brasil. Essa conquista, segundo a UFMG, deixa um legado para o desenvolvimento de imunizantes para outras doenças. Tecnologias utilizadas para a SpiN-TEC podem ser adaptadas para vacinas que combatem outras doenças.

“O Brasil nunca teve uma vacina humana totalmente desenvolvida aqui, para nenhuma doença. Então um imunizante nacional terá um custo mais barato para o país, além de provar a nossa capacitação tecnológica. As vacinas existentes precisam evoluir e melhorar, mas é importante que a tecnologia aprendida também gere frutos para a prevenção de outras doenças. Nosso projeto traz um legado ao proporcionar uma transição do conhecimento produzido na universidade até a sociedade, da prova conceito até o ensaio clínico”, afirmou.

A SpiN-TEC é resultado de uma parceria entre a UFMG, Fundação Ezequiel Dias (Funed), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-MG) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).

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